Thaisa Lucena é uma das investigadas sobre suposto esquema de descontos ilegais no INSS
Investigação sobre a chamada "farra do INSS" que identificou descontos indevidos de aposentados em todo o país que somam mais de R$ 6 bilhões identificou que suspeitos pelas fraudes movimentaram R$ 35 milhões na compra de imóveis.
Conforme publicado pelo Portal UOL, desse total, R$ 600 mil foram utilizados na aquisição de dois imóveis em Mato Grosso do Sul. De acordo com a PF (Polícia Federal), a Secretária-geral da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura), Thaisa Daiane Silva de Lucena, comprou uma casa em Campo Grande e uma gleba – pedaço de terra ainda não loteado – em Bandeirantes. As transações ocorreram entre 2022 e 2025.
Ela foi candidata a vereadora em Campo Grande nas últimas eleições pelo MDB e obteve 786 votos. Com isso, tornou-se suplente. Foi a primeira eleição de Thaisa, que afirmou exercer a profissão de agricultora e declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não possuir bens.
A PF apurou que a Contag arrecadou mais de R$ 2 bilhões durante a vigência do suposto esquema, em dinheiro proveniente de descontos ilegais nos vencimentos de cerca de 1,3 milhão de beneficiários do INSS.
Recentemente, o Governo Federal informou que estaria elaborando um plano para ressarcir as vítimas. Por enquanto, a Justiça ainda não autorizou sequestro de bens dos investigados, que poderia ser a garantia de ressarcimento.
O governo suspendeu todos os convênios com as entidades investigadas e informou que os valores retirados indevidamente serão restituídos aos aposentados.
O entendimento do juiz federal Frederico Viana foi de que não havia "indícios veementes" de que as compras foram realizadas com dinheiro de origem ilícita.
A reportagem do Jornal Midiamax tentou contato com Thaisa, mas sem sucesso. O espaço segue aberto para posicionamento e o texto será atualizado assim que houver manifestação.
Escândalo "derrubou" ministro
Após a repercussão do escândalo, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo. Em seu lugar, o Planalto anunciou ex-deputado federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta, indicado pelo PDT, que é presidido pelo próprio Lupi.
A troca no Ministério da Previdência é a 11ª mexida no primeiro escalão do atual mandato de Lula e a terceira motivada por envolvimento em algum escândalo. Sílvio Almeida, dos Direitos Humanos, foi desligado por investigação sobre assédio sexual e Juscelino Filho, das Comunicações, saiu após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção.
Operação em MS
As investigações da Operação "Sem Desconto" identificaram que 72% das entidades não possuíam estruturas operacionais para prestar os serviços que ofereciam aos beneficiários do INSS. Além de não entregarem as documentações necessárias.
A operação, deflagrada na manhã desta quarta-feira (23), visa combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS. Assim, nas investigações, iniciadas em 2023 pela CGU (Controladoria-Geral da União), 1.300 aposentados passaram por entrevista. Boa parte deles não sabia que havia descontos em suas folhas de pagamento.
"Mais de 90% deles não reconheciam ter autorizado esses descontos. Inclusive, alguns só ficaram sabendo que estavam sendo descontados durante a entrevista", disse o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho.
Por fim, foram 211 mandados de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão temporária — sendo três cumpridos e três alvos foragidos — nos estados de Mato Grosso do Sul, Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe, além do Distrito Federal.