Testemunhas relataram que Ojeda chegou alterado ao local e, aos gritos, exigia falar com a vítima
Luiz Henrique Nascimento Ojeda, 35 anos, ex-candidato a vereador em Campo Grande, foi preso na noite de terça-feira (4) após descumprir medida protetiva e perseguir uma mulher de 27 anos até a Casa da Mulher Brasileira. O suspeito insistiu em conversar com a vĂtima e causou tumulto na recepção do local, onde foi contido e levado sob custódia.
Testemunhas relataram que Ojeda chegou alterado ao local e, aos gritos, exigia falar com a vĂtima. A equipe da Casa da Mulher Brasileira tentou intervir e acalmĂĄ-lo, mas ele se recusou a sair, o que forçou a intervenção da PolĂcia Militar. Segundo relatos, ele chegou a bater na porta da sala onde a vĂtima estava sendo atendida, insistindo que precisava "resolver a situação". O comportamento agressivo intensificou o medo da vĂtima, que jĂĄ vinha relatando perseguições constantes por parte do agressor.
De acordo com o boletim de ocorrĂȘncia, a vĂtima buscou atendimento na Casa da Mulher Brasileira ao perceber que estava sendo seguida pelo agressor. Durante o atendimento, a psicóloga responsĂĄvel notou o estado alterado do suspeito e acionou a equipe plantonista da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Ao verificar a identidade de Luiz Ojeda, os policiais constataram que a mulher jĂĄ possuĂa uma medida protetiva contra ele, o que levou à sua prisão imediata.
A vĂtima relatou na delegacia que vinha sendo perseguida constantemente pelo agressor, temendo por sua segurança. Foi-lhe oferecido alojamento na Casa da Mulher Brasileira, mas ela recusou. Segundo fontes ligadas à investigação, Ojeda permanece preso no PresĂdio de Trânsito, aguardando decisão da Justiça sobre seu caso.
Quem é Luiz Henrique Ojeda?
Ex-candidato a vereador nas eleições municipais de 2024, Luiz Henrique Nascimento Ojeda não conseguiu se eleger, mas no segundo turno declarou apoio à prefeita Adriane Lopes. Como recompensa polĂtica, foi nomeado para um cargo de confiança DCA-4 na Secretaria de Articulações Regionais, comandada pelo secretĂĄrio Darci Caldo.
Durante a campanha eleitoral de 2024, Ojeda jĂĄ havia sido alvo de diversas denĂșncias, incluindo agressões verbais contra mulheres em comĂcios e eventos polĂticos. Relatos de testemunhas afirmam que ele teria ameaçado adversĂĄrios polĂticos e pressionado eleitores a votar em sua candidatura. Além disso, circulam registros de brigas e discussões acaloradas em reuniões de campanha, onde ele teria demonstrado comportamento explosivo e agressivo.
A nomeação de Ojeda levanta questionamentos sobre os critérios adotados pela Prefeitura de Campo Grande na escolha de seus assessores. A revolta entre mulheres da comunidade tem sido crescente, principalmente pelo fato de a prefeita Adriane Lopes ser mulher e, mesmo assim, manter em sua equipe um homem acusado de perseguir e intimidar uma mulher protegida pela Justiça.
"Como uma prefeita mulher pode permitir que um homem que não respeita medidas protetivas ocupe um cargo de confiança? Isso é um desrespeito a todas nós!", questiona Maria do Carmo, moradora do bairro Aero Rancho. "Se esse tipo de comportamento não é punido dentro da prefeitura, o que podemos esperar da administração municipal?", indaga Rosana Almeida, lĂder comunitĂĄria na região do Jardim Los Angeles.
A indignação cresce ainda mais diante do cenĂĄrio alarmante de violĂȘncia contra a mulher em Campo Grande. Apenas no inĂcio de 2025, jĂĄ foram registrados seis feminicĂdios e inĂșmeras denĂșncias de violĂȘncia doméstica. Apesar desse contexto preocupante, a prefeita Adriane Lopes, em vez de adotar medidas para combater esse tipo de crime, nomeou um assessor sem sequer exigir as certidões de nada consta, requisito essencial previsto pela Lei da Ficha Limpa para ocupação de cargos pĂșblicos.
Com a repercussão do caso, a população cobra um posicionamento firme da prefeita Adriane Lopes, exigindo medidas que garantam maior proteção às mulheres da cidade. A prefeita quando soube, exonerou de imediato o servidor.