PM invade igreja em Campo Grande e pressiona membro sem mandado, desrespeitando liberdade religiosa

Ilegalidade na abordagem de PMs gera indignação e denĂșncias de abuso, com igreja e fiĂ©is exigindo respeito à Constituição e punição dos envolvidos

Por Redação em 03/02/2025 às 15:05:19

Na noite deste domingo (2), a PolĂ­cia Militar de Campo Grande protagonizou um episódio grave de abuso de poder ao invadir uma igreja localizada na Rua Rui Barbosa, no centro da cidade. Durante um culto, a viatura da Força TĂĄtica abordou um membro da congregação, pressionando-o contra a parede sem apresentar nenhum mandado de prisão ou busca, à procura de uma criança de aproximadamente 2 anos e meio envolvida em uma disputa de guarda. O caso gerou indignação entre os fiéis e seus lĂ­deres denunciando a ilegalidade e o desrespeito à liberdade religiosa.

De acordo com o pastor Lucas Cohen, dirigente da igreja, os policiais estavam posicionados em frente ao local e, quando o membro da igreja saiu, ele foi abordado violentamente. "Não tinham mandado, e quando fui conversar com o sargento, ele disse que se não entregĂĄssemos a criança, eles iriam invadir a igreja", afirmou Cohen, visivelmente revoltado com a atitude dos agentes. O relato ainda inclui um homem que estava com os policiais, inicialmente se apresentando como oficial de justiça e depois como advogado, que disse: "Tenho um mandado, mas não vou mostrar, só na delegacia".

O caso envolve uma criança procurada por dois rapazes, que, segundo o pastor, haviam visitado a igreja no sĂĄbado anterior, observando o culto e sendo observados pelos obreiros, antes de se retirarem. A igreja, no entanto, não tinha nenhuma ligação com o processo de guarda, sendo um local de acolhimento e respeito. "A igreja não tem nada a ver com isso. O que aconteceu foi um desrespeito total à liberdade religiosa. Se a PM começar a invadir cultos dessa forma, onde vamos parar? E os pastores e fiéis, como serão tratados?", questionou Cohen.

A situação ficou ainda mais grave quando o delegado de plantão, ao ser informado sobre o ocorrido, não reconheceu a necessidade da abordagem militar. "O delegado disse que não precisava disso, que não havia mandado, e que o processo de guarda estava em andamento. Ele não entendeu a atitude dos policiais", revelou Cohen, acrescentando que o membro abordado e seu advogado passaram a noite na delegacia devido à situação absurda.

Liberdade religiosa em risco


A Constituição Federal do Brasil é clara ao garantir a inviolabilidade da liberdade religiosa, com o artigo 5Âș, inciso VI, assegurando o "livre exercĂ­cio dos cultos religiosos" e a proteção dos locais de culto. Além disso, o Código Penal brasileiro define punições severas para aqueles que violarem a liberdade religiosa, o que coloca a ação da PolĂ­cia Militar em questão, considerando os direitos garantidos pela lei.

Repercussão e medidas legais


Em resposta ao abuso de autoridade, de acordo com uma advogada consultada, a orientação é que a primeira medida seria registrar um boletim de ocorrĂȘncia contra os policiais envolvidos e identificar os agentes da guarnição para que medidas legais sejam tomadas.

Cohen ainda disse que isso é inadimissĂ­vel acontecer na frente de uma igreja. "Não podemos deixar que isso se repita. Precisamos garantir a punição dos responsĂĄveis e que as igrejas e seus membros sejam respeitados", disse.

Fonte: wknoticias

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