A reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos traz à tona discussões sobre os possíveis impactos em setores cruciais como Tecnologia da Informação (TI), cibersegurança e privacidade de dados. Analisando tecnicamente as ações de seu primeiro mandato e as propostas atuais, é possível delinear cenários que podem afetar tanto o mercado interno quanto o global.
Importante dizer que esta análise apresenta uma visão técnica, avaliando também levantamentos de informações publicadas nas mídias nacionais e internacionais. As fontes de embasamento seguem ao lado das análises. É recomendável uma leitura de modo racional, técnico e imparcial, para evitar vieses aos lados políticos.
Durante seu primeiro mandato, Trump implementou tarifas significativas sobre produtos chineses, visando proteger a indústria americana e reduzir a dependência de importações. Essas medidas afetaram diretamente a cadeia de suprimentos de TI, aumentando os custos para empresas que dependiam de componentes importados.
Em seu segundo mandato, Trump propôs a implementação de tarifas de 10% sobre todas as importações e até 60% sobre produtos chineses. Essas medidas podem afetar a cadeia de suprimentos de hardware e componentes tecnológicos, aumentando os custos para empresas de TI que dependem de importações.
A administração Trump tem histórico de desregulamentação em diversos setores. No setor de TI, isso pode significar menos restrições para empresas de tecnologia, potencialmente facilitando inovações e operações. No entanto, a redução de regulamentações também pode levantar preocupações sobre privacidade de dados e segurança cibernética, áreas críticas para a indústria de TI.
As políticas de imigração de Trump, que incluem restrições mais rígidas, podem impactar a disponibilidade de profissionais qualificados no setor de TI. Muitas empresas de tecnologia nos EUA dependem de talentos estrangeiros para preencher posições especializadas. Restrições adicionais podem dificultar a contratação de profissionais necessários, afetando a competitividade e a inovação no setor. Entretanto, merece ser destacado positivamente que Trump se manifestou completamente favorável aos Estados Unidos atrair mão de obra qualificada de modo formal, tanto que citou durante entrevista ao podcast "All-In" que é a favor de conceder Green Card's automaticamente à profissionais formados em universidades americanas.
A postura mais americanizada de Trump pode impactar colaborações internacionais em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, limitando parcerias globais que são essenciais para avanços em áreas como inteligência artificial, 5G e segurança cibernética. Uma política externa menos cooperativa tende a reduzir essas colaborações, o que pode desacelerar o progresso tecnológico global. No entanto, essa estratégia de internalização tecnológica pode também impulsionar investimentos significativos em marcas, patentes e pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro dos Estados Unidos, criando oportunidades valiosas para empresas e profissionais de tecnologia em status legal que podem se beneficiar amplamente desse incentivo ao crescimento e inovação.
Em 2018, o governo Trump lançou a “National Cyber Strategy”, a primeira estratégia de cibersegurança do país em 15 anos, focando na proteção de infraestruturas críticas e no aumento das capacidades ofensivas cibernéticas dos EUA. No entanto, Trump foi criticado por alguns especialistas por dar menos ênfase à cooperação internacional em cibersegurança, optando por uma abordagem mais soberana norte-americana.
Durante seu primeiro mandato, o governo Trump adotou medidas que influenciaram diretamente a cibersegurança e a privacidade de dados:
Aos interessados sobre a política social de Donald Trump, existe a página na Wikipedia, com mais detalhes.
Durante seu primeiro mandato, Trump adotou uma postura conflitante em relação às grandes empresas de tecnologia, especialmente em questões relacionadas à liberdade de expressão, regulamentação de conteúdo e privacidade. O ex-presidente acusou publicamente empresas como Google, Facebook e Twitter (hoje X) de censurarem vozes conservadoras e ameaçou implementar regulamentações para limitar o controle dessas plataformas sobre o conteúdo.
Entretanto, o recente estudo analítico da "MCR America's Media Watchdog" publicou que "TV atinge Trump com 85% de notícias negativas, contra 78% de imprensa positiva para Kamala Harris". Esse estudo traz luz ao debate que grande parta da mídia favorece mais notícias pró-esquerda do que pró-direita.
Outro ponto é que, recentemente, Donald Trump recebeu o apoio de Elon Musk, fundador e CEO da Tesla e SpaceX, o que trouxe novas expectativas para o segundo mandato do ex-presidente em relação às grandes empresas de tecnologia. O apoio de Musk, uma figura influente no setor tecnológico, pode influenciar o modo como presidente eleito lida com as Big Techs, suavizando algumas de suas posturas mais críticas. Esse apoio de Musk, que foi vocal em questões de liberdade de expressão e menos regulação em plataformas digitais, pode levar Trump a reconsiderar políticas de restrição em certas áreas e, possivelmente, estreitar a colaboração com grandes empresas de tecnologia em iniciativas de inovação e segurança nacional. A presença de Musk como aliado estratégico abre espaço para um diálogo renovado entre o governo e o setor privado, especialmente em temas de inteligência artificial e infraestrutura digital.
Além disso, a relação entre os Estados Unidos e Taiwan torna-se cada vez mais relevante no cenário tecnológico global devido à dependência mundial de chips de silício, essenciais para dispositivos eletrônicos. Taiwan lidera a produção de semicondutores, sendo a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) um dos principais fornecedores globais. A crescente tensão geopolítica entre os EUA e a China, que considera Taiwan parte de seu território, adiciona um componente crítico de incerteza para a indústria de tecnologia. Em seu mandato anterior, Trump implementou políticas para restringir a China no acesso a tecnologias avançadas, e é provável que continue incentivando a independência dos EUA nessa área para evitar interrupções no fornecimento de semicondutores e proteger interesses estratégicos.
A política de Trump em relação à proteção de dados internacionais é notadamente diferente de abordagens adotadas por outras nações, como a União Europeia, com o Regulamento Geral Europeu de Proteção de Dados (GDPR), ou a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), do Brasil. Durante o primeiro mandato, foram poucos os avanços significativos para a implementação de uma legislação federal nos moldes do GDPR, que estabelece direitos fortes de privacidade para indivíduos. Em vez disso, Trump preferiu uma abordagem de regulamentação mais leve, permitindo maior liberdade para empresas em relação ao uso de dados pessoais, desde que respeitassem padrões mínimos.
Entretanto, é justo destacar que, em 2018, o governo Trump já estava desenvolvendo uma política de privacidade de dados, após discutir o tema em mais de 20 reuniões com grandes empresas de internet e telecomunicações, como Facebook, Google, AT&T e Comcast. O objetivo era formular uma proposta legislativa que, conforme descrito pela Casa Branca, busque "equilibrar privacidade e prosperidade." A porta-voz Lindsay Walters destacou que a iniciativa visa estabelecer uma política de proteção à privacidade que encontre esse equilíbrio e que o governo espera trabalhar junto ao Congresso para uma solução legislativa consistente com essa visão ampla. Pesquisas citadas pelo governo apontam que dois terços dos americanos expressam “preocupações significativas” em relação à privacidade e aos riscos de segurança. Além disso, o secretário adjunto da Administração Nacional de Telecomunicações e Informações (NTIA), David Redl, mencionou a intenção de submeter à consulta pública um conjunto de "princípios de alto nível" sobre proteção de dados, visando elaborar um plano nacional de privacidade de dados.
Com uma abordagem voltada para fortalecer a segurança nacional e impulsionar a inovação tecnológica doméstica, o novo governo Trump traz tanto desafios quanto oportunidades para as áreas de TI, cibersegurança e privacidade de dados. Embora o isolamento nas políticas externas possa reduzir a cooperação internacional, essa estratégia também pode incentivar o crescimento interno por meio de investimentos em pesquisa, patentes e desenvolvimento de novas tecnologias. O apoio de Elon Musk e a atenção redobrada em parcerias estratégicas podem contribuir para um ambiente mais dinâmico e autossuficiente, consolidando os Estados Unidos em posição de liderança no cenário tecnológico global. A seguir, uma tabela de análise dos principais prós e contras desse cenário para os setores de cibersegurança e privacidade de dados.
Apesar dos desafios e controvérsias, o segundo mandato de Donald Trump pode trazer oportunidades para o fortalecimento da cibersegurança nacional e a implementação de políticas que incentivem a inovação no setor de TI. Empresas e profissionais da área devem permanecer atentos às mudanças políticas e regulamentares, adaptando-se para mitigar riscos e aproveitar as oportunidades que possam surgir nesse novo cenário.
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Fonte: Redação